Na tua voz
comecei a desvendar
a corola dos dias
e era azul.
Renovados sinos na paisagem
soletrava agora
à medida que um pássaro
de espanto
debicava o acidulado
acordar
e sorvia o teu gosto
de absinto
de véspera guardado.
Trago comigo o sol
de laranjais inteiros
num cesto de diálogos
redondos
tal qual caíam dos lábios
como a chuva do céu
comovidamente.
E tão reais arrulham
na vibração inevitável
do silêncio
que as paredes do meu corpo
ainda cantam
coladas à tua voz.
Por Maria Helena Ventura – INTERTEXTO SUBMERSO