A transmissão direta da Assembleia Municipal da última semana, garantida pelos serviços de comunicação da Câmara Municipal, falhou no momento em que a bancada do PSD explicava por que razão se opunha à proposta do executivo em prolongar o contrato da gestão das águas por mais 15 anos. Terminada a intervenção social-democrata, retomou a transmissão mas nesse momento com a intervenção do presidente da autarquia.
O PSD emitiu um comunicado onde censura o sucedido e solicita à presidência da mesa da assembleia que suspenda a emissão que continua online e explique o que de facto sucedeu.
A indignação do PSD
Caros cidadãos Pacenses,
Na sequência da situação absolutamente inadmissível a antidemocrática ocorrida na última Assembleia Municipal, vimos informar todos os nossos concidadãos de que foi remetido e-mail ao Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal a exigir esclarecimentos imediatos sobre o sucedido e a adoção de medidas que corrijam esta grave violação de todos os Princípios Democráticos.
Cabe esclarecer que a transmissão da Assembleia Municipal do passado dia 26 foi interrompida exatamente no início da intervenção do Partido Social Democrata sobre o Ponto 6, relativo ao Acordo entre o Município e a Concessionária do serviço de Água e Saneamento, apenas tendo sido retomada aquando da intervenção do Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal.
Ou seja, da transmissão quanto ao Ponto 6 apenas constam os esclarecimentos prestados pelos técnicos que acompanharam o processo que culminou no acordo em votação, a intervenção do Exmo. Senhor Presidente da Câmara e a declaração de voto apresentada pelo Partido Socialista.
Esta situação leva a que, da transmissão constante das redes sociais do Município não conste em momento algum a posição do Partido Social Democrata sobre este assunto, assim se impedindo que os pacenses que o pretendam tenham acesso à posição da Oposição e aos argumentos que a sustentam.
Pelo exposto, a Bancada do PSD requereu já ao Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal:
– o imediato esclarecimento da situação, com a identificação das razões da verificação da grave situação ocorrida;
– a disponibilização à Bancada do Partido Social Democrata, de imediato, do ficheiro informático das transmissões;
– a eliminação total dos vídeos da Assembleia do dia 26 de Setembro nas redes sociais do Município na parte relativa ao Ponto 6, de forma a garantir a igualdade entre Executivo e Oposição e entre Grupos Parlamentares,
– a colocação da gravação obtida pelo sistema utilizado para elaboração da ata nas redes sociais municipais, pelo menos na parte relativa ao Ponto 6, de forma a permitir o acesso à informação aos Pacenses que o pretendam.
Não descansaremos enquanto esta situação, tão conveniente para o Executivo Socialista, seja completamente esclarecida e corrigida.
Os valores democráticos e, acima de tudo, todos os Pacenses estão a ser desrespeitados com a presente situação, pelo que não baixaremos os braços!
Joana Leão Torres de Araújo
Líder da Bancada Parlamentar do Partido Social Democrata
O Teatro Democrático da Assembleia Municipal
Por que razão não nos surpreende esta atitude do PS na Assembleia Municipal onde tem maioria absoluta? Afinal os deputados socialistas e sua mesa mesmo estudando a liberdade e a democracia durante 50 dias não aprenderam nada pelo simples motivo que não querem aprender e muito menos entender o ambiente democrático que deveria reger o funcionamento dos trabalhos.
O que aconteceu é grave, mas acima de tudo vergonhoso para quem quer respeitar a Assembleia Municipal e tem prazer em dizer publicamente que nasceu e vive nesta terra. Foi censura ao PSD e envergonhou-nos a todos.
Resta saber como ficará este assunto depois de o senhor presidente da Assembleia Muniicpal aprersentar a sua versão, nomedamente para esclarecer se participou ou não na tramóia do boicote.
Claro que a desculpa pode cair nos “serviços” – ainda há dias o presidente não sabia nada do crime da “capital do móvel” – mas vai ter de explicar por que razão não interrompeu os trabalhos perante tamanha falta técnica. Claro que pode dizer que não sabia porque a falha técnica não lhe foi comunicada; mas aí vai ter de explicar por que não lhe foi comunicada se noutras circunstâncias idênticas lhe foi dito e por isso interrompeu os trabalhos…
E se de facto nada lhe foi comunicado e por isso não sabia, precisa de nos explicar claramente quem deu a ordem aos funcionários do município para não lhe comunicar a falha técnica – chamemos-lhe falha técnica – e assim ter dado cobertura a este atentado democrático de impedir que a posição do partido da oposição fosse transmitida em direto exatamente na mesma transmissão que garantiu à verdade oficial todo o tempo necessário para explicar a sua decisão.
Da explicação do presidente da mesa da Assembleia espera quem ainda acredita na democracia uma resposta séria e completa. Até para sabermos se o senhor presidente da assembleia aceita ou não participar neste teatro democrático reservando para si um papel que alguém desenhou para ele – membro do circo que o PS tenta transformar em comédia dramática.
Por Arnaldo Meireles