Humberto Brito aqui reconhecido – e com mérito próprio – como o “santinho de Carvalhosa”, tem vindo a orientar a vida dos fiéis no município de Paços de Ferreira com frequentes avisos de salvação tendo em vista a manifestação de um concelho urbano e cidade cosmopolita.
Após três mandatos de exercício a favor do povo e numa luta incessante e gloriosa contra os mafarricos capitalistas – como aqueles dos fundos que mandam nas águas! – explica agora aos crentes, em linguagem acessível e simples, que tudo é fácil para ele e também será – promete ele – se depois de terminar o seu reinado se mantiver o reino na sua posse por interposta pessoa.
A epístola mais recente reza assim:
Como se percebe, o santinho de Carvalhosa nada fez que fosse desconhecido na história da humanidade. Imitou Jesus de Nazaré que entrou pelo Templo dentro e dali expuslou os vendilhões mafarricos que exploravam o povo, ainda por cima na casa de Deus!
Ora foi o que aconteceu em Paços de Ferreira em 2013 quando pela graça de Deus – e em cima da onda salvadora da água – revelou aos olhos dos pacenses tamanha oportunidade de encontrar o rumo da salvação na luta contra os ímpios – aqueles que não querem nem percebem que apenas há uma caminho para a salvação, o dele!
Claro que muita gente no município percebeu depressa, sobretudo depois de o santinho de Carvalhosa ter subido ao altar na rotunda, e por isso hoje gozam do maná que dali brota faça sol ou chuva, isso não interessa desde que seja da religião oficial do nosso saninho.
Devemos pois estar agradecidos por Nosso Senhor nos ter dado tal sucessor preocupado que está em manter o rumo da sua igreja (a igreja do santinho, não sei se me estão a perceber?!…)
Prometo-vos a ressurreição
As emoções são grandes. Aproximando-se a hora da despedida, o nosso santinho reuniu as suas hostes à volta de mesa e disse que estava de partida e havia que acalmar os seguidores militantes. E foi assim que lhes explicou que haveria habitação para todos – pão já há para os mesmos desde 2013… – esse espaço essencial para o crescimento de militantes para o reino, feliz por ali poderem nascer os novos rebentos da civilização que há-de vir.
Para isso importa portanto que a subida ao descanso marcada para 2025 – talvez seja em setembro – seja acautelada com a nomeação de alguém que garanta a sustentabilidade e crescimento do igreja do nosso santinho. E foi assim que ele se dirigiu aos crentes:
- Não temais! Está tudo tratado, não vos preocupeis, agora que está a chegar a minha hora…
- Mas vais abandonar o teu povo?
- Eu!? Não, não posso, o povo sou eu!
- Atão como é?
- Fazei assim: sempre que vos reunirdes com o construtor fazei-o em meu nome
- Em teu nome?
- Sim, em meu nome e eu estarei no meio de vós!
- No meio de nós? Mas vais embora, como vamos então perceber o que tu queres?
- Acreditai em mim. Pensei em tudo..
- Tudo, até em nós?
- Penso todos os minutos da vida que me resta em cada um de vocês…
- Mas óh santo de Deus, reunimos em tem nome, mas como te ouvimos? Vais deixar ao menos um livro de instruções?
- Tomei a liberdade de pensar nisso
- Ah… que alívio, vais-nos deixar um livro de instruções para manter a salvação do nosso povo, é isso?
- Sim, vou deixar-vos um “livro de memórias” para que saibais o que fazer e agir para manter o reino até eu poder voltar no fim dos tempos!
- No fim dos tempos?
- Sim, talvez eu tenha de voltar, pois tudo indica que sem mim chegará o dilúvio e lá se vai a minha obra e os vossos rendimentos!
- Oh santinho, por amor da santa, achas que não aprendemos contigo?
- Estudem, estudem enquanto há tempo
- E se não percebermos o que nos queres transmitir?
- Eu penso em tudo! Já sabia que me iam perguntar isso….
- Eu bem te digo, é uma tola este santinho…
- E assim vos digo e estabeleço que – na minha ausência – o nosso reino será edificado pelo nosso construtor que agirá em meu nome e com a minha benção!
- Que inteligência! Que brita!
- E agora que o sol se põe, peço-vos união, desejo-vos coragem, também obediência ao meu designado e a felicidade eterna inundará os vossos bolsos. Amém.
E foi assim que confortados pela boa-nova todos dispersaram não sem ouvir as últimas palavras do Mestre:
- Ide, anunciai a boa-nova e sabei sempre que muitos são os candidatos e poucos os escolhidos!