A gala do Capão, com jantar e seus derivados, é um hino à subserviência de Freamunde ao poder que convida e acolhe quem, em três mandatos consecutivos, nada cumpriu do que prometeu e ameaça repetir a dose em 2025. Mas, subservientes e sorridentes, acolhem-se os fazedores de uma terra abandonada e até envergonhada por ser a memória do que já foi. A municipalização das atividades culturais e sociais de Freamunde foi um passo decisivo para “capar o galo” em Freamunde que espera a hora da libertação.
Banquete com Consequências
Sentados à mesa, os convivas se reúnem, não por escolha, mas por necessidade. O banquete é servido, e cada prato traz à tona um gosto peculiar: o doce da vaidade, o salgado do arrependimento, o ácido da culpa e o amargo do desejo. Não há como recusar; cada um é servido por uma mão invisível, um destino que não pede permissão, apenas cobra presença.
A princípio, a fome do instante seduz. O prato da vaidade, com seu brilho ilusório, é o primeiro a ser devorado. O seu sabor engana, promete glórias e risos, mas no fundo deixa um rasto vazio, uma sede insaciável. Depois, o arrependimento chega como um caldo espesso, deslizando pela garganta com o peso de escolhas irreversíveis.
Eis que o prato mais ácido aparece: a culpa. Ela não precisa de apresentação, pois todos a reconhecem de imediato. Não é mastigada, mas engolida à força, deixando cicatrizes invisíveis no interior de quem a consome. O desejo, por fim, surge como um doce envenenado, irresistível na sua aparência, mas letal na sua essência. Ele promete saciar, mas alimenta um vazio que cresce em proporção à sua busca.
No centro do salão, um espelho reflete o rosto dos comensais. Não há mais máscaras ou mentiras; cada um vê, sem filtros, os rastros do que comeu. O banquete revela um tribunal, onde os pratos não são apenas sabores, mas juízes implacáveis.
É nesse instante que a poesia do banquete se desdobra em tragédia e redenção. Alguns levantam-se e enfrentam os seus reflexos, reconhecendo-se nos próprios erros. Outros, presos à cegueira do orgulho, tentam saborear mais, ignorando que o alimento da negação não os salvará, apenas prolongará a dor.
O banquete das consequências é inevitável. Não importa o quanto tentemos evitar os convites, ele sempre nos encontra. No entanto, talvez a maior sabedoria esteja em aprender a degustar cada prato, não com medo ou culpa, mas com a consciência de que cada sabor é uma lição, e que a verdadeira redenção não é recusar o banquete, mas compreender o paladar da vida.