A 2 de Fevereiro, quarenta dias depois do Natal, a Igreja celebra a Festa da Apresentação do Senhor no Templo. Popularmente, a Festa é também conhecida como das «Candeias».
A celebração tem por referente bíblico uma belíssima passagem do Evangelho segundo São Lucas (2, 30-32), mas a sua promoção eclesial radica sobretudo numa antiga tradição das igrejas do Oriente cristão, sendo nelas a Festa conhecida pelo nome de “Ipapante”, palavra cujo significado mais profundo se pode expressar com a ideia de “Encontro”.
Ora é precisamente disso que se trata na Festa da Apresentação de Jesus no Templo, aquela que de verdade encerra o Ciclo Litúrgico do Natal, terminando assim, em tonalidade profundamente luminosa, a celebração do mais profundo Mistério que toca a nossa existência, o do Encontro de Deus connosco, Deus-feito-Homem, Deus em nós, em Jesus feito carne da nossa carne, em tudo conhecedor da nossa condição, indefetivelmente nosso próximo, luz dos nossos caminhos, fonte da nossa Esperança, música intocável da nossa mais profunda alegria!
Mas ao mesmo tempo que encerra o ciclo natalício, a Liturgia abre hoje um outro horizonte, o daquele caminho que foi o percorrido pelo Filho do Homem quando, a partir da sua Nazaré, ascende a Jerusalém, e nela ao Gólgota, para com ele nos elevar a partir da sua Kenosis, ou seja, do seu mais radical abaixamento, aquele de que é Sinal efetivo a Cruz, sinal da Sua mais total e consequente doação.
Acontece que é Maria, Sua Mãe, quem primeiro, qual Senhora de todas as Candeias, nos abre a perspetiva da Luz. Ela própria, de olhos fitos no Menino que pessoalmente entrega e consagra no Templo de Jerusalém, nos ensina a reconhecer com renovado espanto o que a tradição da Igreja nos ensina ao oferecer-nos a contemplação d’Aquele que, embora criador de Adão, permanece até ao Fim dos Tempos o Menino que Simeão, antecipando o gesto que só pode ser nosso, o de cada um/a de nós, recebe em seus braços.
[Imagem: Presentazione al tempio, de Andrea Mantegna (1465-1466)]