Carnaval, ninguém leva a mal – esta a exclamação que justificava a surpresa da brincadeira em dia marcado. Isto é, pelo menos um dia por ano, havia a liberdade de na relação entre as pessoas se presumir permitido que rico e pobre brincassem entre si, pessoas importantes e outras trocassem mimos, num ambiente de convívio sem consequências mesmo que com abusos. Foi assim, era assim.
A concorrência dos dias, o desgaste da confiança e a demolição dos laços comunitários reduziram o Carnaval a espetáculos de rua – alguns deles abrasileirados – onde multidões silenciosas contemplam as brincadeiras de quem se dispõe a “brincar na rua”. O Carnaval agora é uma procissão. Ao menos isso.
Por Arnaldo Meireles