A comissão de festas da Câmara Municipal promove mais uma “feira medieval”, logo depois de terminarem as Sebastianas em Freamunde. Isto é, não se dá “descanso ao povo”, não vá ele pensar e/ou olhar para o que se não faz, com a venda da ilusão de que muitas coisas acontecem, e. portanto, isto sim é que é governar.
Contudo a feira medieval é um acto ridículo e parolo que deveria envergonhar quem o promove, sobretudo quando apresenta o evento como “cultural”, mas tem o cuidado de não fazer nenhuma referência á única realidade medieval da nossa terra – o mosteiro de Ferreira. Mais que parolo, revela absoluto desconhecimento da realidade do concelho.
Recordar e explicar o passado é um acto nobre, mas precisa de ser verdadeiro, isto é, ter alguma ligação à realidade de todos nós. E por isso o afastamento do mosteiro de Ferreira deste evento é pura ignorância – saberá a comissão de festas da CMPF que o mosteiro é do século XI? Saberá que a idade média está registada na história entre os séculos V e XV? Não terá sequer a curiosidade de ir ver ao Google?
Mas também temos (somos) a citânia de Sanfins. Isto não seria suficiente para – atenta à realidade do município – ali realizar um festa Celta?
Porque está a Comissão de Festas da CMPF tão desligada da realidade social e cultural da nossa terra? Será ignorância e desprezo pela realidade ou existirão interesses particulares de executar e mostrar obra recorrendo a empresas de eventos que aqui replicam festas/feiras mesmo não fazendo sentido nenhum, tendo em vista o local da sua reaização.
Santa Maria da Feira
Foi em Santa Maria da Feira que começaram as “feiras medievais”. E com toda a razão e enquadramento, a partir do castelo da Feira. Desde a primeira iniciativa em 1996, tornou-se na maior recriação medieval da península ibérica e uma das maiores da Europa. Tudo corre bem quando faz sentido e por isso faz parte da cultura do povo que a promove e nela participa.
Outras terras com tradição medieval passaram a promover “feiras medievais”, havendo empresas que vendem aos municípios o “pacote completo”. Este recriar histórico é importante se acompanhado de alguma explicação do que foi a Idade Média!
A popularidade destes eventos é muita e por isso gastam os municípios muitos milhares de euros. Coisa que acontece por exemplo em Valença e onde está abandonado o mosteiro de Sanfins de Friestas – um tesouro medieval construído pelos monges beneditinos, hoje transformado em cenário excelente para realizar e promover um autêntico filme de horror.