Na última assembleia municipal o PSD questionou a situação do Centro de Saúde querendo discutir ou saber o desenvolvimento desta unidade depois das expectativas lançadas na última campanha eleitoral autárquica pelo partido vencedor.
A bancada do PS considerou inapropriado o local e a ocasião para tal discussão, deixando os sociais-democratas sem resposta. Contudo esclareceu, pela voz de Hugo Lopes, responsável da unidade de saúde, que “estranhava” a curiosidade do PSD e não “compreendia” que o assunto fosse levantado na AM por deputados que, podendo fazê-lo, nunca “pediram uma reunião formal ao responsável do Centro” para “esclarecer” este tema.
CENTRO DE SAÚDE: questão autárquica?
Durante a campanha autárquica, editou o PS um jornal eleitoral onde, na página 21, e na secção O QUE VAMOS FAZER, elencava alguns compromissos começando por referir: “GARANTIR serviço noturno de urgência” e esclarecia: “SIM, é possível, agora só depende de si”. E acrescentava: “Vote PS”.
De facto os eleitores deram a maioria aos socialistas e elegeram os deputados municipais agora em exercício. Dependia deles o voto. De quem depende o cumprimento da promessa?
Hugo Lopes é a pessoa certa para esclarecer o PSD (e os eleitores) até pela dupla função que exerce – profissional e política – e em próxima assembleia municipal terá a oportunidade de dispensar os colegas do PSD de se deslocarem a Lousada para serem esclarecidos nas questões que por direito e também legitimidade eleitoral entendam colocar sobre esta questão.
O BUSÍLIS da coisa
Os custos de funcionamento de um Serviço Noturno de Urgência, em Paços de Ferreira, são colossais e exigiriam um investimento em profissionais que não existem no mercado, ocupados que estão nas instituições existentes.
Basta olhar para o numeroso número (milhares) de pessoas que ainda não têm médico de família no concelho.
Colocar este problema e a sua decisão no domínio autárquico – o PS fê-lo – exigiria da CMPF aceitar “transferência de competências” com um custo tal que pedem muita cautela a quem tem preocupação pelas “contas certas”.
Mas seria e será um risco político evidente – a CMPF passaria a ter de gerir o descontentamento dos utentes/doentes, coisa que não sendo despicienda, os levaria a colocar à edilidade as suas “questões de saúde”.
Não será melhor deixar isto para Lisboa e Marta Temido?
Hugo Lopes – livre e criativo no verbo – certamente que nos dará explicação plausível para esta questão que tendo sido colocada pelo PSD interessa a todos nós.
RECORDAR é viver
Neste assunto dos serviços de saúde no concelho convém regressar à memória e verificarmos no registo histórico da nossa Gazeta as experiências havidas e as tentativas goradas.
Em 1999, mês de Maio, o concelho verificava o anúncio do regresso do serviço de urgência através da Misericórdia (quer dizer de uma empresa que se apropriou dos direitos de gestão da instituição) com um nome tão positivo que se chamava SaúdeÈVida.
Todos sabemos o que se passou, sendo tão triste que não queremos aqui recordar tal aventura agora que a Misericórdia ainda tenta recuperar do terramoto que sofreu.
Mas lendo o anúncio na altura publicado se verifica que não se tratava de “serviço de urgência” de facto, antes a oferta de variadíssimos serviços de consulta. Não deixa de ser curioso que já na altura se anunciasse a iniciativa como “única” no concelho.
(Na altura importava limitar o crescimento exponencial da Radelfe….)
Tanta criatividade e pouca cautela levou os irmãos da misericórdia a aceitarem o que lhes era oferecido dada a “bondade” da ideia.
Seja como for, em 21 de Outubro de 2021 passamos a ser servidos por um hospital central de primeira linha, o chamado Hospital Padre Américo o que atenuou o desespero dos aqui residentes.
Lembramos que este novo hospital substituiu três antigas unidades: o Hospital de Penafiel (velho edifício da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, inaugurado em 24/06/1894) e o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental (Que funcionava só ao nível da consulta externa, sendo que o internamento funcionava ao abrigo de um protocolo com o Hospital Conde Ferreira, no Porto);
E ,em Paredes, funcionava o Hospital de Paredes (edifício da Santa Casa de Misericórdia, construído em 1966), que no conjunto constituíram até 1993 o extinto Centro Hospitalar do Vale do Sousa.
Que haja muita saúde e juízo também!