No momento mais grave da política concelhia, o partido socialista continua num silêncio ensurdecedor, dando sinais de um coma induzido, e muito prolongado.
Ao conhecer a decisão de Humberto Brito a favor da “rescisão litigiosa” e não tomar posição – de apoio, de cautela ou de oposição – o partido maioritário encolhe-se e prescinde de acompanhar a política do executivo.
Excluído pelo presidente na convocatória dos partidos para anunciar (explicar) a decisão do resgate, nas instalações da Câmara, o PS remete-se (sem protesto) para a sombra da actualidade sem que os eleitores que nele confiam conheçam o seu pensamento.
E deixa o executivo em “roda livre” para fazer o que lhe apetece sem discussão com a sua base de apoio, fonte da sua legitimidade democrática.
Os partidos são fulcrais na construção da democracia; absterem-se de “existir” constitui uma traição aos seus eleitores que nele confiaram e por isso apoiaram os candidatos integrados nas suas listas.
Por isso não podem os eleitos em listas partidárias fazer “tábua raza” do compromisso pessoal que aceitaram e prometeram cumprir na hora da adesão.
O actual executivo da CMPF não é uma lista de independentes! Então porque lamentam, nas acções diárias, o “cordão umbilical” que deveriam respeitar? Não toleram uma conversa aberta e séria na intimidade do partido e bloqueiam o seu funcionamento. Que democratas são estes e que qualidade de democracia nos podem garantir?
O “coma induzido” que afecta o PS tem anestesistas conhecidos; com o poder nas mãos, operam o condomínio das benesses, estruturam o discurso oficial, e não se coíbem de explicar que a obediência é muita bem vista no sétimo céu do poder. Daí que ali se aceitem elogios, reverências, se possível sinais de temor e – muito apreciadas! – mensagens de fidelidade expressas nas redes sociais.
Outros sinais
Os conhecidos generais do PS estão numa guerra subterrânea (que de surda não tem nada), escondida dos jornais, mas tumultuada nos finos trocados, nas horas da noite.
Mas já se ouviram apelos públicos “à resistência” contra os “inimigos” que “nos querem dividir”, na expressão do General Jô.
O General Vice acalma as hostes, referindo que “tudo está controlado”, restando duas ou três “repúblicas desavindas” mas que “se há-de resolver”
O General Turco (de Baltar) corre em linha própria, numa caminhada teimosa.
O General Moral insinua a força dos independentes.
O General Emissor afirma que não escreve mais.
O General Xerife, enquanto trata da vida, prepara a lista para 2025 e lamenta o crescimento dos comunistas!
E depois os sargentos
São, de facto, muitos com a tarefa de entregar a mensagem do poder e a ele devolver “a necessidade” (justa, pois claro) do momento. Também vigiam as redes sociais, atentos a “gostos” ou, eventuais, “partilhas” que indiciem estranhos e inéditos “alinhamentos”.
Com muito trabalho, anda o “sargento das transferências” mais conhecido no meio como “agente dos políticos” dado que a sua praia se estende do mar laranja até ao vermelho. Há muito trabalho a fazer até 2025. E com este calor!
E assim o PS ficou em silêncio, no murmúrio das lamentações. Bocas fechadas num partido que libertou Portugal para a democracia: eis a definição de um “círculo quadrado”, na dimensão do nosso concelho.
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