“O que nasce torto tarde ou nunca se endireita” – diz, desde sempre, o nosso povo e não é preciso “estudar muito” para se saber isso. A ETAR mantém-se assim como problema apesar de, pela segunda vez, a Câmara Municipal decidir que ali vai aplicar mais alguns milhões de euros.
A decisão foi tomada na última reunião do executivo e o dinheiro é destinado a construir um sistema de tratamento provisório na ETAR de Arreigada”, ou seja, um acrescento de capacidade modo a enfrentar o caudal recebido.
Os primeiro cinco milhões
DN – 2018
Há luz ao fim do esgoto: ETAR de Arreigada vai arrancar “a 100%” em agosto – IMEDIATO
ÚLTIMA FASE DA NOVA ETAR DE ARREIGADA ENTROU EM FUNCIONAMENTO – info: Câmara de Paredes, dia 31 de Agosto 2020
Notícia JN em 2021
As intervenções políticas
Durante o ano de 2021, por duas vezes, na assembleia municipal o PSD questionou a Câmara para “os problemas da ETAR”. Na primeira vez, o presidente disse “desconhecer” problemas na ETAR mas que, “não sendo técnico” iria verificar.
Na assembleia imediatamente a seguir, presidida pelo vice-presidente, este, também interpelado sobre o assunto informou que “se verificava um atraso na entrega de equipamentos que ali aplicados resolveriam o problema, mas o atraso devia-se às dificuldades colocadas no transporte de mercadoria, por ocasião do Covid”
Reunião da Cãmara de Paredes em Janeiro de 2022
“Pediu a palavra o Senhor Vereador, Ricardo Sousa, que disse o seguinte: “Gostaria de colocar algumas questões, e solicito ao Senhor Presidente que nos dê as informações da forma mais clara
possível. Na última reunião questionei-lhe sobre a ETAR, que está a flagelar o Rio Ferreira e as Cidades de Lordelo e Rebordosa, assim como a continuidade do Rio. A nós interessa-nos particularmente Paredes. Disse que já tinha reunido com o Presidente da Câmara de Paços de Ferreira e disse que provavelmente iam fazer a ligação à ETAR de Campo. Quererá isto dizer que é o reconhecimento do fracasso da ETAR de Arreigada? Para quando teremos essa ligação no terreno e se para o próximo verão deixaremos de ter as descargas no Rio?”
(…)
“Interveio o Senhor Presidente, que disse: “ Começando pela questão da ETAR, eu não disse que estive reunido com o colega de Paços de Ferreira, disse que o Colega de Paços de Ferreira me
ligou, porque estava numa reunião, tal como nós já tínhamos estado, com o Presidente da APA, a equacionar a questão que falei, de ter um emissário, que sai da ETAR de Arreigada e que vá em direção à ETAR, pertença das Águas de Valongo, em Campo, não pelo facto da ETAR de Arreigada não estar a funcionar mas em situações em que possa haver um mau funcionamento
pontual ou até uma sobrecarga dessa ETAR. Tendo em conta que a ETAR está a montante do Parque de Lordelo, podermos evitar todos os inconvenientes. Entretanto vou promover uma reunião com o colega de Paços de Ferreira e com a APA, para termos mais detalhes dos trabalhos que estão a fazer e posteriormente daremos nota disso”.
Paços de Ferreira deve pagar ligação a emissário enquanto ETAR de Arreigada não funcionar a 100%, diz presidente da câmara de Paredes
As descargas poluentes no Rio Ferreira, que afetam sobretudo a população da freguesia de Lordelo, deviam ter terminado com a construção da nova ETAR de Arreigada, em Paços de Ferreira, mas o equipamento ainda não está a funcionar a 100%.
Na última reunião do executivo o presidente da câmara de Paredes defendeu que deve avançar-se com uma solução enquanto a ETAR não estiver a funcionar em pleno. O tema foi trazido para discussão pelo PSD, que frisou que “a ETAR de Arreigada prejudica muito o município de Paredes devido às descargas no Rio Ferreira”.
“Tem dito que se vai fazer uma conduta até Campo. Pergunto que passos concretos têm sido dados. Não faz sentido passar mais um verão com descargas no rio, que afetam muito as cidades de Lordelo e Rebordosa. Vamos ter o problema resolvido no verão para que as pessoas possam usufruir do no verão para que as pessoas possam usufruir do Rio Ferreira e dos parques adjacentes?”, questionou Ricardo Sousa.
Em resposta, Alexandre Almeida garantiu que “já está identificado um emissário da SIMDOURO onde pode ser feita uma ligação, junto à ponte de Viveiro, perto da Torre dos Alcoforados”. “É isso que está a ser estudado enquanto a ETAR não estiver a funcionar em pleno. E não há razões para que não esteja a funcionar em pleno. Estão a ser equacionadas alterações ao projeto, que não é da nossa responsabilidade”, sublinhou.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, o autarca adiantou que nas reuniões realizadas com a câmara de Paços de Ferreira “chegou-se à conclusão que vão ter de ser feitas algumas adaptações para o investimento funcionar em pleno”. Até lá, Alexandre Almeida defende que se deve avançar para a solução do emissário e avisa que não pode ser Paredes a pagar a fatura a pagar à SIMDOURO.
“Não pode ser Paredes a pagar quando estamos a falar das águas residuais de Paços de Ferreira. Se a ETAR não ficar a funcionar tem de ser dado esse tratamento e não podemos ser nós a pagar”.
O Município tem uma candidatura aprovada de 1,8 milhões de euros do Fundo Ambiental para limpar as margens do rio Ferreira, desde Arreigada até ao limite do concelho de Paredes com Valongo, criar trilhos e zonas de lazer, e por isso não pode continuar a ter um rio poluído. “O próprio Fundo Ambiental tem de nos ajudar a resolver esta situação que não faz sentido nenhum”.
O QUE SE PASSOU?
Analisadas as notícias publicadas verifica-se que os responsáveis da Câmara Municipal acreditavam que com o investimento de cinco milhões resolveriam os problemas da ETAR. Mas não aconteceu, e porquê?
Embora os resultados da auditoria se mantenham na gaveta e por isso sejam de conhecimento reservado tudo indica que a “fiscalização da obra” foi deficiente. Duvida-se, mesmo, que a entidade contratada para o fazer tivesse as “competências” necessárias para tal responsabilidade.
E pergunta-se, neste momento, se essa decisão impede a câmara de utilizar os mecanismos jurídicos ao seu dispor para reivindicar ao responsável da obra a indemnização devida pelo “não funcionamento” da ETAR como projectado.
Cinco milhões de euros, do erário público ali investidos, precisam de ser esclarecidos.
Uma cautela a ter agora que mais milhões para ali vão ser direccionados: “o que nasce torto, tal ou nunca se endireita”. pois é!
____________________________________________________