Vai o Partido Socialista reunir dia 28 o Conselho Nacional e a Direcção Nacional para apreciar a situação política. No largo do Rato, em Lisboa, serão tratadas duas preocupações: o novo governo em preparação e as retificações a fazer em dezenas de candidaturas autárquicas que preocupam o partido.
Este encontro está a ser preparado pelas estruturas locais e regionais do partido e também em encontros informais onde se tem falado do “futuro do PS e o seu contributo para a democracia” perante os desafios que se colocam.
A vertente autárquica
O partido identifica mais de cinquenta casos autárquicos onde se verifica uma “degradação do ambiente democrático” que a não ser corrigido – e dada a dimensão dos problema – pode por em causa o futuro imediato do PS.
Nestes casos é apontada a “liderança coreana” seguida nestes concelhos onde o próprio partido se encontra dispensado de contribuir para a gestão política corrente, com presidentes autocratas e pouco dados à conviviabilidade democrática.
Promovem a “controlo da comunicação social”, “condicionam os líderes de opinião locais” e enveredam por “uma comunicação própria” em concorrência directa com as empresas jornalísticas que apenas são merecedoras de investimento publicitário desde que disponíveis para a autocensura institucional.
Verificam também que além do “controlo da informação” existe a pressão de “coarctar a liberdade de expressão do próprio partido” no que resulta numa desmotivação de militantes para as acções partidárias” e até numa “transferência de militantes para outras organizações” ou numa “motivação crescente de criação de candidaturas independentes” a acontecerem em 2025.
Está assim “dificultada a capacidade de atrair simpatizantes para a causa do partido”, sobretudo de “quadros qualificados” que não se revêem nestes métodos de actuação política.
Estas preocupações foram delineadas numa reunião informal do Partido Socialista, realizada, por estes dias, numa cidade do centro do país e onde o concelho de Paços de Ferreira foi citado com testemunho de pessoa própria e que não vamos identificar.
PS – fundador e promotor da democracia
A necessidade evidente de o PS se demarcar destes tipos de liderança que acabam por “secar o dinamismo interno das estruturas locais” foi considerada uma prioridade a ser levantada e defendida no próximo dia 28 de Maio, em Lisboa.
por Arnaldo Meireles