O partido socialista está em profunda reflexão nacional e sinal disso acontece este sábado uma reunião em Lisboa da Direcção Nacional mas também do Conselho Geral que reuniu pela última vez há oito anos.
A reflexão agora encetada culminará no congresso do partido que deverá acontecer entre janeiro e fevereiro de 2024, altura para definir a estratégia para a avalanche de eleições que se avizinham. E para essas eleições como preparar o partido, de modo a garantir a sua influência no presente e no futuro?
A situação política criada com o “amuo” do presidente da República e que obrigou o secretário geral a desenhar o braço de ferro terá consequências que obrigam um PS mobilizado, de combate, e para isso fundamentado nas estruturas concelhias.
Em dezembro de 2022, consideramos aqui que o caminho de Paulo Ferreira estava livre até 2025. Veja aqui http://Paulo no caminho até 2025
Ou seja, a tensão política prevista apontava para o mínimo rebuliço a criar nas concelhias pelo que era de prever que os candidatos recém-eleitos chegassem às eleições autárquicas de 2025 sem complicações eleitorais na intimidade do partido.
Novo cenário
Acontece que o novo cenário está desenhado e pede cautelas a ter sobretudo aquelas que garantam aos olhos do eleitores uma imagem de partido “próxima das pessoas” e com uma gestão política “exemplar” fiel aos ideais democráticos que o PS exige ser referência.
Governando 149 municípios, o PS encontra neles 62 que no seu modelo de gestão colocam em causa a “imagem de um partido democrático e aberto à sociedade”.
Na última semana falamos desta preocupação em:https://pacoslook.pt/actual/autarcas-socialistas/
O que vai acontecer
O PS de Paços de Ferreira está na lista “negra” do partido que conhece o passado recente matizado com a imposição da federação distrital que acabou por colocar em número dois da lista do actual presidente o nome de Paulo Ferreira em detrimento do de Armanda Fernandez.
Disso demos notícia informando que os apelos da concelhia e o envio de embaixadores ao Porto para resolver a questão seria perda de tempo.
Seja como for, Paulo Ferreira preside agora à Comissão Política e recebeu do actual presidente a “nomeação” para candidato em 2025, mesmo sabendo do histórico conflito entre os socialistas concelhios. Verifique aqui:
- https://pacoslook.pt/actual/paulo-ferreira-candidato-experimenta-ser-numero-1/
- https://pacoslook.pt/opiniao/um-partido-ou-uma-claque/
- https://radiofreamunde.pt/eleicoes-2021/realpolitik-a-paz-necessaria-mas-impossivel-no-ps/
O que fazer com esta herança?
Está tudo (ainda) nas mãos de Paulo Ferreira naquele que será o maior desafio político da sua vida autárquica:
- garantir a liberdade aos militantes socialistas na prática política concelhia;
- promover eleições para a concelhia em finais de 2024.
Na prática bastaria que Paulo Ferreira desse cumprimento ao seu último manifesto eleitoral nas últimas eleições internas “Avançar Juntos” e que, para desilusão dos militantes na tomada de posse “esclareceu” que o perfume do poder estaria disponível para “quem se portasse bem”. (Confira aqui:https://pacoslook.pt/actual/paulo-ferreira-avancar-juntos/ )
Percebe-se assim que a possibilidade de êxito de Paulo Ferreira nesta “maratona democrática” depende sobretudo da sua capacidade de decisão própria marcando a autonomia das suas decisões.
Precisará mesmo de dispensar o “colete de forças” que o presidente já lhe “ofereceu” com os três verificadores/assessores para acompanhar os senhores vereadores! E de provar aos militantes que o Partido Socialista é de facto o suporte político do executivo camarário e não uma “escada útil” para ascensão de autocratas de ocasião.
Critério para queda mesmo vencendo concelhia em 2024
O ambiente político vivido no partido determinará o tipo de decisão do Partido Socialista que, a nível nacional, olha para as 62 concelhias sob vigilância e está determinado a intervir chamando ao Secretariado Nacional a decisão de escolher o candidato autárquico para es eleições de 2025, nas concelhias onde não se verificarem as condições “mínimas de democraticidade”.
Esperemos para ver o que vai acontecer no PS de Paços de Ferreira onde apesar das aparências da autoridade a política interna mexe, embora em silêncio voluntário e táctico.
E percebem-se agora melhor as presenças e ausências na cerimónia do 25 de Abril onde o executivo “homenageou” e agradeceu o contributo dos autarcas “à democracia” ! (Confira aqui:https://pacoslook.pt/actual/homenagem-de-vereadores/)
Por Arnaldo Meireles
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pacoslook.pt o poder dos factos
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