O senhor presidente da câmara que não gosta de jornais nem da sua narrativa, explicou na última assembleia municipal que o que é preciso é obra e não anúncios de página inteira nos jornais.
Ele é que sabe, e até manda. E como quem paga manda, acha ele, assim decide momento a momento quem merece o perfume do alívio nas contas para pagar.
Acontece que depois desta “profissão de fé” – acreditamos democrática – sua Excelência deslocou-se a Carvalhosa para a “primeira pedra da ERPI” e colocou no enterro da dita pedra quatro exemplares de jornais – três cá da terra e também o JN – presumindo nós para provar “in illo tempore” que nessa data e naquele tempo se deu início a mais uma grande obre do rei Leão.
Também existe outra interpretação. Reactivo que é, o nosso presidente não resistiu a mais uma oportunidade para “enterrar jornais”, esses gajos que têm a mania de olhar para o seu mandato, incapazes que são de entender – provavelmente porque não estudam! – a originalidade da governação pacense.
Nós – enquanto resistimos aos vírus informáticos que nos embrulham – ficamos para já livres de tão público e notório enterro!
Reflexões metafísicas sobre a última Assembleia Municipal
A política tem destas coisas e não é de agora: as assembleias municipais, por vezes, são marcadas por intervenções emotivas e até mais que isso, embora estejam as actuais longe daquelas que depois da queda do antigo regime aqui aconteceram e onde “ofertas de sopapos” se verificaram.
A irritação do presidente, seguida de abandono da mesa no que foi acompanhado pelos seus acólitos ficou registada no momento mas continua a ter reflexos na reflexão dos seus mais próximos seguidores.
Aqui a Mosca andou a ver as obras da rotunda e apanhou esta apreensão metafísica na hora do café, no dia seguinte à assembleia:
- Então, aquilo ontem….
- Óh senhor vice – diz o homem das finanças – de facto,
- De facto o quê, o nosso líder liderou – explica o vereador mais pequeno.
- Pois liderou e saiu, e , sabem uma coisa?, lembrei-me do que vai ser quando ele não estiver cá… não sei se me estão a perceber!
- Óh vencedor do FAM, estaremos cá nós, porra!
- Óh senhor vice, não é a mesma coisa, aquela resposta rápida, parece iluminado por uma força especial
- Especial? Nós cá estaremos, e temos experiência de governo até mais longa que a dele, olhe para mim, senhor “vencedor do FAM”
- Pronto, mas não é a mesma coisa. Aquela língua, aquele dedo em riste, aquela vontade de ir pra cima deles…. óh vice, não vai ser fácil.
- Mas quem vos disse que ele vai embora?
- Então não vai? Vocês combinaram outra coisa? – questiona o homem das contas que ouve, com alívio, o vice:
- Meus amigos, isto é assim. O que está combinado é que “sempre que reunirmos no PS e na Câmara, reunimos em seu nome! Ok, e assim ele “estará no meio de nós”! Percebido?
- Mas onde é que eu ouvi falar disso e não me estou a lembrar? – suspira de alívio o homem da cultura!
________________________________________________________________
Eu vejo, eu cheiro, eu sou mosca. E por isso vou andando por aí e disso darei notícias se me permitirem.
____________________________________________________