Contam-se espingardas no PS até meados de dezembro, altura em que se saberá quem vai liderar o partido e apresengtar-se àa eleições de 10 de Março. Ninguém esperava tão dramática escolha tal foi a surpresa da demissão do Governo. E se PNS – Pedro Nuno Santos – já leva dois anos de campanha na máquina partidária, JLC – José Luís Carneiro ofereceu-se em sacrifício para “salvar a honra do convento” que é onde se situam sobretudos os militantes históricos e moderados, num relativo alinhamento com a política dirigida por António Costa.
Este, em 2015 e sem avisar ninguém, criou o governo/geringonça e livrou-se dessa escolha logo que pôde. PNS sonha todos os dias com ela, como de um seguro de vida se tratasse para “eternizar” o PS no poder. JLC tem outra solução: ao viabilizar governos ao Centro, consegue manter o PS no poder, como aconteceu com Mário Soares, Sampaio, Guterres e Sócrates.
Afinal, qual será a estratégia mais segura para conquistar o poder? Tudo indica que a maioria dos delegados – a eleger – ao Congresso opte por PNS num horizonte de garantir que a 10 de Março ninguém perca posição política e sobretudo a influência que ganhou nos últimos 8 anos. Contudo JLC está a fazer o trabalho da formiga derrubando barreiras esperadas – como da Comunicação Social que o considera “cinzento”.
O estridente PNS garante manchetes e audiências às televisões, o sereno JLC é um consolo para os eleitores do centro. Mas a escolha do líder do PS está limitada apenas aos militantes inscritos no partido. E é pena: fossem abertas também a simpatizantes – como Guterres tentou… – e a liderança seria entregue ao homem de Baião, e provavelmente conseguiria o partido manter o poder e dar uma “prenda de reconhecimento a Costa”.
Os candidatos e a sua sombra
Comparar o percurso de vida entre PNS e JLC ajuda a perceber de quem o PS precisa mais e também aponta para o estilo de liderança que o partido vai ter brevemente quer pelos comportamentos individuais de cada um quer pelo tipo de reacções que vão provocar nomeadamente no diálogo interinstitucional – coisa que António Costa sabe muito bem sobretudo na difícil relação com o PR.
Ele não vai votar nestas eleições internas, mas importaria saber quem prefere Marcelo…. sobretudo se em 10 de Março acontecer a maioria relativa do PSD ou do PS. Pelo que, a prova dos nove será mesmo nesta noite.
É provável que o PSD vença por maioria relativa. A liderança do PS terá de esclarecer que tipo de governação quer para Portugal: trabalhar ao centro e cumprir os compromissos europeus (como o actual governo cumpriu e por isso de afastou do PCP e BE) ou colocar o país num turbilhão de conflitos e manobras perigosas tendo sempre de recorrer a Belém para consultar o árbitro Marcelo.
Se PNS fez curricula no partido JLC iniciou a sua vida política a “vencer o PSD” em Baião, onde presidiu à Câmara durante três mandatos. Como dirigente social criou e desenvolveu uma cooperativa de desenvolvimento naquela terra e transformou o concelho – era dos mais atrasados no distrito do Porto – dentro dos índices de sucesso. Secretário de Estados das Comunidades e Ministro da Administração Interna nos governos do PS liderados por António Costa. Foi também presidente da federação distrital do Porto do PS e, nas últimas eleições candidatos a deputado pelo círculo eleitoral de Braga.
No sábado, numa acção de campanha, em Fafe, testemunhamos a sua apresentação e foi apresentado como “homem de Abril” por Parcídio Summavielle. Isto é, JLC tem ao seu lado a memória do PS. E isso garante-lhe um futuro de muita responsabilidade no partido mesmo que transitoriamente dê lugar a PNS.
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NB Cartoons de https://henricartoon.pt/