Pela terceira vez, nas nossas contas, o presidente da Câmara anunciou a saída do FAM. Esta última no oficioso Pelourinho, em editorial e pose de explicação de quem manda.
Em dezembro último fê-lo pela primeira vez em conferência de imprensa, nos termos exactos que repete neste editorial, e numa assembleia municipal anunciou também a saída.
Na conferência de imprensa de dezembro e apesar do afirmado pela edilidade e perante as perguntas dos jornalistas acabou por se ficar a saber o seguinte:
- O êxito da gestão financeira da câmara nos últimos anos tinha reduzido o rácio da dívida a um nível que permitia ao Município solicitar a saída do FAM
- Dado esse facto, o Município iria pedir a saída do FAM
- Previa o Município que a saída se verificasse no primeiro trimestre de 2022.
. Esta comunicação do senhor presidente acontece depois do primeiro trimestre previsto para a efectiva saída
. Em Maio, confirma-se que o Município não saiu do FAM.
. A saída, quando acontecer, será feita por assinatura de fim de contrato de financiamento entre o Município e o FAM
Perante este factos, o senhor presidente apresenta a sua narrativa oficial em órgão próprio. Já o sabíamos mas eis que ele exibe a prova: a verdade conveniente está garantida.
A importância da saída do FAM
Espera-se pois que seja confirmado o pedido de saída do FAM. Este facto vai colocar a gestão da câmara no nível de liberdade de actuação que ainda não teve desde que o PS venceu as eleições pela primeira vez.
Sem o garrote do FAM que limita o índice de endividamento e por isso de investimento, a Câmara Municipal passa a ter de facto condições para iniciar a análise do eventual resgate da água.
Apesar das frequentes promessas e ameaças de reversão do contrato das águas, nunca a Câmara teve qualquer possibilidade de iniciativa de rescisão dado que submetida ao FAM em nenhuma instituição financeira poderia encontrar fundos que lhe permitissem pagar o preço da rescisão.
Até agora as ameaças foram retórica partidária cheia de encenações sem hipótese de solução. Contudo, logo que se verifique a saída do FAM, este teatro democrático chega ao fim.
De facto não saímos do FAM. Mas desejamos essa saída, o mais rápido possível, até para pedir ao senhor presidente que cumpra o que desde o início do seu primeiro mandato proferiu como homem de palavra: o resgate da água.
E esperamos que o consiga, até para lhe retribuir o “abraço fraterno” que nos enviou via Pelourinho.