Em Março de 2021 todas as associações de Freamunde se uniram para reivindicar a construção da Casa das Artes e redigiram um manifesto (Mais Cultura) que entregaram na Câmara Municipal e a todos os partidos concorrentes às eleições autárquicas.
O pedido foi aceite por unanimidade e apresentado durante a campanha eleitoral por todas as candidaturas como necessário para o concelho com o reconhecimento que a localização em Freamunde seria a melhor dada a produção cultural que ali se verifica.
Contudo, até à data, a promessa continua por cumprir não se conhecendo nenhuma iniciativa do executivo, entretanto eleito, sobre a construção.
Na história recente apenas há a referir duas intervenções no assembleia municipal de dois freamundenses que na bancada do público questionaram o presidente eleito sobre o desenvolvimento desta promessa.
Fernando Matos (PSD) e Paulo de Carvalho (CDU) deram voz a esta questão e não obtiveram resposta do presidente que os convidou a falarem com o presidente da Junta de Freguesia de Freamunde – presente na mesma assembleia e que optou pelo silêncio.
Acontece que a promessa da construção da Casa das Artes é uma promessa do partido vencedor das eleições e por isso um compromisso do actual executivo.
Na altura percebeu-se que o presidente do Executivo recusava responder às questões colocadas para não se comprometer com a decisão e muito menos com um calendário para a sua construção.
Alegaram os intervenientes que estranhavam que no orçamento do município para 2022 não existisse qualquer verba destinada à construção da casa das artes o que implicava a sua desvalorização como prioridade do executivo.
Esta desvalorização continua confirmada a um mês do final do primeiro ano de exercício do poder e que equivale a 25% do tempo do mandato.
Tratando-se de uma obra de valor elevado e dado o alheamento da câmara nomeadamente em se pronunciar, publicamente, sobre o assunto começa a perceber-se que se trata de uma promessa adiada que não acolhe o entusiasmo de quem a prometeu.
O silêncio das associações
O silêncio das associações de Freamunde quanto a este assunto também é um facto. Não se conhece, até à data, nenhuma reacção sobre a desvalorização do executivo quanto a esta importante aposta cutural.
Recorde-se que, durante a campanha eleitoral para a Junta de Freguesia, o então candidato Arménio Ribeiro – entretanto vencedor nas listas do PS – convocou uma reunião com as associações para se inteirar das implicações do manifesto Mais Cultura e para avaliar que tipo de Casa das Artes interessava àquelas instituições.
A promessa da Casa das Artes foi assim essencial no condicionamento de voto de muitos freamundenses pelo que é difícil entender o alheamento do executivo camarário e o silêncio das associações.
Quartel da GNR – Nova promessa depois do esquecimento
Entretanto hoje reúne o executivo que introduziu na agenda a proposta de compra do terreno anexo às piscinas de Freamunde e que, segundo a Câmara, pertence à Gespaços.
Tudo indica que a aquisição será feita por 140.000 euros, valor atribuído por um avaliador oficial (externo ao município). Esta aquisição permitirá à Câmara assumir a posse do terreno, capitalizar a Gespaços e sobretudo “explicar” aos eleitores que com esta aquisição está a edilidade em condições de promover a construção do Quartel da GNR no local anunciado seis dias antes das eleições.
Recordamos que no dia 13 de Agosto a nossa associada Rádio Freamunde informou que o posto da GNR “estava cancelado”, (…) nos “termos em que foi anunciado”.
Seis dias depois desta notícia, o executivo delibera sobre o assunto. Uma coincidência que se assinala mas que ainda tem dúvidas subjacentes:
a) trata-se de mera coincidência – A Rádio Freamunde publicou a notícia depois de receber informações sobre o cancelamento da promessa, e o Executivo estava a tratar do processo do cumprimento da mesma;
b) a notícia provocou protestos – Dirigentes políticos próximos do poder manifestaram descontentamento e o executivo “prova” que afinal está empenhado na construção do quartel.
Acontece que em política não há coincidências pelo que optamos pela hipóteses b – o que levanta novas questões que apontam para mais um cenário típico de hollywood:
- A notícia é publicada no dia 13.
- É colocada a decisão de compra do terreno na reunião de 19
- O documento que atribui o valor de 140 mil euros tem data de 16
Tudo aponta assim para que a decisão a tomar hoje pelo Executivo seja uma manobra para atenuar as críticas pelo desinvestimento em Freamunde dado que se percebe que se trata de uma reacção aos protestos dos freamundenses.
Outra credibilidade seria dada ao executivo se na reunião de hoje fosse apresentada:
- a decisão da compra do terreno
- a apresentação do projecto de construção
- a data do início das obras
- e a data prevista da conclusão das obras
Tiveram tempo para isso, desde que o prometeram a 23 de Setembro de 2021. Mas nem isso fizeram?
Esperemos para ver se isto acontece: se estamos perante uma decisão efectiva ou de um acto de ilusionismo baseado num anúncio de “acontecimento futuro” .