Olá meus amigos, com saudades de mim? Eu tive e muitas. Mas a paz internacional merece a minha preocupação e fui para a Ucrânia a pedido de Zelenski preocupado que estava com a ameaça nuclear da Rússia. Não podia recusar esta tarefa e sei que todos os leitores me perdoarão esta ausência dado que foi motivada por causa nobre.
Lá fui, cheguei a 6 de Outubro e até ontem voei entre bombas, já estou habituado, passei por trapalhadas do diabo e no intervalo das coisas fui acalmando o homem e lá acabei por desenhar uma estratégia de “comunicação” que, afinal – e havia muitos descrentes, lá como cá – chegamos a bom termo.
E foi assim.
Convenci o homem a encontrar uma mosca, ágil, destemida, com forte criatividade e sentido de humor acompanhada de muita paciência. Depois de encontrada, partilhamos experiências diplomáticas (com a nossa congénere, é evidente!) e depois de ultrapassarmos as dificuldades da língua, no início era só por gestos para o “inimigo” não atrapalhar a missão, e também de muito treino – afinal foram 42 dias – ficou combinado que:
1 – a mosca ucraniana voaria de noite para a Rússia e entraria no Kremlin logo pela manhã no ombro do porta-voz de Putin, o senhor Dmitri Peskov. Era só ouvir e memorizar.
2 – Ocupar discretamente e momentaneamente a testa de Putin.
(aqui este ponto foi muito difícil não fosse o grande líder anunciar “uma operação especial de Sheltox” pois podia acontecer apesar de a mosca ucraniana estar vacinada contra isso através de uma vacina tipo Covid que lhe foi injectada depois de fornecida pela CIA)
3 – Sempre que Putin se preparava para carregar no botão nuclear, voava para a testa dele, obrigando-o a “espalhar a mosca”. Como a mão do líder vinha e ia e voltava à testa, ficou-se a tensão pela disputa entre o carregar no botão e no afastamento da minha colega;
4 – Foram várias as tentativas e provou-se a tenacidade da mosca pois sempre que a palmada do russo vinha contra ela a mesma disparava nos corredores como um míssil da nova geração.
5 – Entretanto os homens dos USA e os da Rússia – aqueles que mandam – fizeram chegar a seguinte informação – a mosca contou-me por email secreto e codificado: teria chegado o momento para “desanuviar a tensão” e era melhor “sair de Kherson” num gesto de “boa vontade” para preparar o acordo que há-de chegar.
(Dados concretos da reacção de Putin não estou autorizado a revelar por, como se sabe, nestas coisas, toda a informação é classificada e só poderá ser conhecida daqui a 50 anos!)
6 – Neste momento a Mosca ucraniana sentiu-se como uma andorinha de primavera e até se emocionou pois começou a verificar o êxito da operação e a sonhar com o reencontro com os seus em casa.
7 – E até está prevista uma “condecoração de guerra” por serviços “de paz” prestados que, é certo, Zelenski promoverá.
É claro que estou muito contente pois a paz é precisa para combater a inflação e eu já estou a contar os euros no meu regresso a Freamunde pois estou a começar a salivar só de me lembrar da semana gastronómica do Capão.
Tinha pois de regressar e aqui estou para partilhar convosco esta minha odisseia e o meu contributo para a diplomacia.
Aqui chegada
Logo que entrei nos céus de Paços de Ferreira fui inundada de mensagens que estavam no arquivo do telemóvel coisa que – por razões de segurança – nunca usei nesta minha tarefa secreta.
Por hoje, até porque estou relativamente cansada da viagem, posso contar-vos apenas um episódio que nos explica que para a maioria dos nossos vizinhos o progresso se faz por imitação.
Daí que tenha caído na Gazeta, ali em Sobrão, um drone, não tripulado, mas que, felizmente, só provocou “danos colaterais”.
Ao que consegui apurar, apenas três assinaturas foram afectadas, mantendo-se o jornal impávido e sereno na prossecução do seu papel de nos informar o que acontece nas freguesias da nossa terra.
Já manifestei a minha solidariedade ao jornal e a indignação que uma Mosca pode ter. E fui investigar a origem do ataque pois podia ser intencional ou erro de fogo amigo, coisa que pode sempre acontecer.
Fiquei a saber o seguinte:
O drone foi disparado do sétimo céu, mais concretamente do purgatório, coisa que fica ao lado do inferno que é onde está o diabo, esse mafarrico que não dispensa a mania de mal nos aconselhar para se rir de nós.
Tudo indica que o mafarrico se alimenta de almas penadas e por isso autorizou os disparo que acabou por atingir “vítimas inocentes”. Ele pouco se importa com danos colaterais e por isso lhe chamamos diabo.
ÚLTIMA HORA
Mesmo a fechar esta missiva, cai-me na asa um fax que me informa que na SIC, no Polígrafo, se falou da capela mortuária de Freamunde e que o Arménio vai resolver o problema.
Confesso que não sei o que se passa, mas prometo que vou investigar este assunto e outro que, ao que me dizem terá acontecido: o senhor presidente da Câmara faltou à Conferência de Imprensa da semana gastronómica do capão havendo quem pergunte se foi por ser em Freamunde.
Fica prometido, havendo saúde e a protecção de nosso Senhor, voltarei na próxima sexta.
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Eu vejo, eu cheiro, eu sou mosca. E por isso vou andando por aí e disso darei notícias se me permitirem.
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