Esta obra de José Rodrigues está na rotunda desde 1997 e nessa altura referiu o autor tratar-se de um monumento vivo, que ronda as árvores, tem água, luz, e uma coisa que ultrapassa a nossa circunstância.”
Vista hoje, em obras que continuam, talvez esteja para ser revelada a “coisa que ultrapassa a nossa circunstância” agora que a vemos no centro, a respirar sozinha e a disputar o domínio da praça ao Tribunal e à Câmara, numa postura vencedora.
Despida das árvores, ganha a obra a nobreza de “coisa inacabada” mas aberta à luta do amanhã – expressão de um povo que no trabalho (e não na política nem nas leis) encontrou o caminho da vitória.
A rotunda no centro do município é assim uma referência, expressa na linguagem da arte/arquitectura, integrando no todo do casario os edifícios públicos como que os colocando “ao serviço do povo”.
Dominados pela estética, veremos se na obra final esta leitura se concretiza. Mas seria um avanço aceitar o domínio da arte (da linguagem do povo) no imaginário do colectivo popular.
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Arnaldo Meireles
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pacoslook – a cultura é popular